quinta-feira, 26 de novembro de 2015

26 de novembro, a História de um Clube na defesa de um Herói: Galatto !

Coluna do Carlos Josias: Diretor Jurídico do Grêmio 93/98, Conselheiro 94/2010 e Vice-Presidente 2005/07









Tive a felicidade em 1993 de integrar uma equipe de amigos, e talvez o segredo estivesse aí, que recebeu o Grêmio vindo de uma 2ª divisão, sem dinheiro no bolso e que estava com o telefone para ser cortado. Mesmo ano que Danrlei recebeu a camisa 1 titular. Feliz Coincidência. Koff e Cacalo passaram a comandar aquela trajetória. Em 1998 quando aquela equipe deixou o clube, havíamos conquistado nem sei quantos campeonatos regionais, um com o Banguzinho, e empilhado 14 faixas memoráveis, entre outras a CB duas vezes, 1 Brasileiro, a 2ª LA, 2 Recopas Sul Americanas, uma em cima do Super Campeão Independiente, no Japão, por 4x1, adiante a antecessora da Suruga, e perdemos nos pênaltis o Mundial para um Ajax que passou 100 partidas invicto, perdendo Rivarola no início do jogo na primeira expulsão da história via telão, e que tinha o maior goleiro que já vi jogar na minha vida, um monstro chamado Edwin van der Sar. Caímos invictos. Ganhamos o Brasileiro de 96 e em 97 num Maracanã lotado, 100 mil Flamenguistas nos viram conquistar a CB diante de um Romário e um país estupefatos.


Retornei em 2005 com outra equipe que recebeu o clube em situação pior, na 2ª direto. Tive muita sorte outra vez.


Na madrugada do jogo estávamos escondidos numa ilha em Recife, quando acordamos em meio a intenso foguetório que não se sabia de onde vinha, porque era um lugar afastado em meio a mato e água. Os jogadores estavam bem afastados do local, em estratégia que os poupou de surpresas. Foram mais de 50 minutos de foguete. No local onde estavam apenas os dirigentes, fomos para a sacada e em meio à floresta se viam apenas os raios e os barulhos dos foguetes. Alfredo Oliveira, o Carioca, estava na sacada ao lado da minha. Homem de temperamento complicado, com quem tive muitas desavenças, tinha uma espirituosidade ímpar. Quando espocou o último, se ouviu no ar um grito dele: “ solta mais, filho da puta ”. Não podíamos perder.

Muitas histórias antecederam aquele dia, e não caberiam numa postagem. No dia seguinte após o jogo, o London Time, que nunca fala de futebol, numa raríssima matéria anunciou aquele time como um: “ Fight Club ”. O Olé, Argentino, foi incisivo: um time que é uma “ Equipo Película ”.

Estava cumprida a tarefa. Saí em 2007 vice da LA, perdendo para o Boca. Do inferno para 2º da América. Esta história ninguém apaga. O nome daquele jogo passa por muitos, entre eles os principais Mano Menezes e Flávio Trevisan. Mano, um disciplinador sem berros, um homem calmo, ponderado, educado e, sobretudo, um amigo leal. Trevisan, um líder no mesmo estilo. Seria injusto citar nomes porque foram muitos, também não caberiam na postagem. Mas no jogo, no time, o grande nome não foi Anderson, como muitos apregoam, ainda que ele tivesse sido o polimento da conquista. O nome foi Rodrigo José Galatto. Ele tirou com o joelho o clube do lugar onde nunca devia ter estado. Galatto, sempre ao lado de Marcelo Grohe em todas as ocasiões foi frio, calculista, desestabilizou o cobrador e nos trouxe à vida.
Sou um homem de sorte.
 
 


 
 
 
 

Share |

terça-feira, 24 de novembro de 2015

ROGER. SIM, ROGER. PORQUE SIM !

Coluna do Carlos Josias: Diretor Jurídico do Grêmio 93/98, Conselheiro 94/2010 e Vice-Presidente 2005/07









 
Roger não perdeu para Falcão e Argel, como alguns referem aqui e ali, e sim perdeu primeiro para um Sport bem organizado, bem orientado, com jogadores razoáveis, jogando em casa, com uma torcida furiosa, e que jogou uma bela partida. Eu vi esta e se não assisti todas as partidas do campeonato andei perto. O Sport vinha em ascensão e estava a sensação do campeonato. Até que levou 3 do Cruzeiro, surpreendentemente e ficou para trás. Estava disputando vaga. O Inter estava mordido e humilhado pelos 5 e era clássico e Grenal é assim, não se explica numa frase. Entrou babando. Perdemos algumas chances, eles foram competentes numa oportunidade e Anderson pode ter posto a classificação fora.  Não temos finalizador desde que o Barcos saiu, aí ficamos na dependência de um ou outro acertar.

Fato, Tite o melhor muito à frente dos demais e do Campeonato, Roger a revelação. Dos últimos que tivemos ele está sendo disparado o mais bem sucedido, melhor que Renato, melhor que Luxa, melhor que o Felipão entre outros menos cotados.

Pegou o time humilhado, saco de pancada, não ganhava de ninguém salvo o Grenal dos 4x1 que ganhamos em circunstâncias parecidas com a de ontem para eles, e trouxe até aqui com algumas exibições de luxo como aquela inesquecível contra o Galo lá, com o Atl M na sua melhor fase e com um gol que correu mundo e onde se viu claramente o dedo dele. Algumas lesões nos deixaram capenga, e para um time que já não tem um grande grupo, tem pesado. Nosso grupo não é dos mais qualificados, tem um jogador de exceção, Luan, um Giuliano acima da média e mais uns bons jogadores e o resto é médio. Banco sem alternativas, tanto que Pedro Rocha é a única variante que possuímos.

Não, meu amigo, não. Roger é um bom treinador. Não fosse ele não estaríamos com a 3ª vaga e digo mais, que treinador no Brasil se traria ?

Vejo, como disse, quase todos os jogos, qual seria o treinador que poderia ser trazido ? Os que já estiveram aqui, não. Dorival Santos, não. Não há um Julinho Camargo para dizermos tenta este que é maravilhoso, como muitos saudaram na contratação.  No Brasil, treinador de gala temos Tite, e bem abaixo Murici e o resto, além de Japonês pede 600 a 1 milhão para treinar. Salário do Tite hoje, e pagamos perto disto para aquele 171 do Luxa, outra montanha para o Felipão. Roger não ganha próximo disto e não é inferior a nenhum outro salvo os dois que citei - sem aquele insuportável mimimi do Murici - até rimou. Ah vai perder, vai todos perdem, Tite perdeu para o Tolima. Ah vai ser chamado de burro, ah vai, Tite foi aqui em 2002. No Grêmio ninguém presta. Mandamos um monte de jogador embora que foram ser campeões em outros clubes, pq ? Por esta falta de paciência sobre vencer e ganhar títulos. Estamos no caminho certo, podem apostar.

Agora, se não qualificar para LA não temos chances com este time pode chamar o Guardiola. Se vamos qualificar ? Não sei, não há grana, então há de ter muita criatividade.

Oremos, mas o fato é que o clube está sanado e caminhando bem.





Share |

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

CINCO É CINCO, UM É UM. A MATEMÁTICA EXPLICA A VAGA DIRETA

Coluna do Carlos Josias: Diretor Jurídico do Grêmio 93/98, Conselheiro 94/2010 e Vice-Presidente 2005/07
 
 
 
 
 
Para quem acha que 5 é igual a 1 e que escore não importa, não ganha campeonato, o Tricolor já está na Vaga Direta, sem sobressaltos = Grêmio tem 17 gols de saldo, SP tem 4 e inter -1 ! Com isto o Grêmio já está dentro e com a 3ª garantida, salvo se tomar duas goleadas monstruosas nos dois últimos jogos. O que é improvável, considerando que tem a segunda defesa menos vazada de todo Brasileiro. Então, Srs., 5 é igual a 5 e 1 é igual a 1.
Matemática não tem mistério, cara de quem leva 5 não é cara de quem leva 1, simples assim.
Ontem houve uma semi volta olímpica por 1 x 0 mas quem assegurou a vaga foi o Grêmio. E não precisamos dar volta olímpica nem nos 5 nem na vaga.
Assim, bom dia! A nossa parte neste campeonato está feita, classificados e com um 5 a zero destruidor e histórico no maior rival, que marca este Brasileiro.
O que pode mudar, ainda, é a 2ª que continua ao alcance do Grêmio, mas muito difícil, pois teria que passar pelo Galo e pelo Joinville torcendo por um tropeço daquele.
Até 2016, quem puder nos acompanhar, que venha.
 
 
Share |

terça-feira, 17 de novembro de 2015

A paixão e a ignorância


Ainda estou atordoado com os acontecimentos do final de semana em Paris. Naturalmente, neste espaço, o assunto é futebol. Mas hoje, vou falar de um assunto que, de certa forma, atinge todos os torcedores de todos os clubes de futebol no Brasil: a intolerância e o radicalismo.

Fomos criados com a obrigação de termos uma bandeira, uma cor, um time. Fomos e somos, nesta hora, segregadores e segregados. Dividimos o espaço, o assunto e a maneira de ver a vida. O futebol, na nossa vida, é a radicalização.

Quando falamos em seleção brasileira, por exemplo, precisamos odiar os argentinos. Todos os dias, escutamos que os brasileiros precisam repudiar "los hermanos". E, quem gosta dos argentinos, critica e "seca" a seleção canarinho para ter a "obra completa". Nos clubes, as saudadas rivalidades históricas são movidas e valorizadas todos os dias. Flamengo e Vasco, Corinthians e Palmeiras, Bahia e Vitória, Grêmio e Inter, Atlético e Cruzeiro são apenas alguns exemplos. Cidades pequenas e clubes menores também convivem com isso nos seus redutos. Assim fomos criados. Temos que amar as nossas cores, mas precisamos, também, odiar as cores do nosso vizinho. Os mais exaltados usam isso como ferramenta de violência, como se na torcida adversária não tivesse nenhum amigo seu. Quanto e quanto caso já tem para dar exemplo...

E o que é isso? Ignorância? Estupidez? Ou nascemos e fomos criados assim?

Pense nas suas atitudes. Você consegue analisar da mesma maneira os erros e os acertos da sua bandeira? Você já cantou gritos ofensivos ao seu adversário? Você já se sentiu ofendido por seu adversário? Que tipo de radical você é? Você defende o quê, exatamente?

O futebol vive da segregação. Talvez esse seja o agente motivador da paixão pelos clubes. Não somos, nesta hora, racionais. E não somos porque não queremos. Queremos segregar. Essa é a nossa cultura, lamentavelmente.

Não tenho, obviamente, a intenção de comparar a paixão pelo futebol com o radicalismo religioso dos episódios de Paris. Quero apenas criar uma reflexão para o tipo de segregação que o futebol traz para o nosso cotidiano.







César Cidade Dias
Ex-Conselheiro e ex-Diretor de Futebol do
Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense
Share |

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Vocês precisam conhecer os corneteiros


Existem vários tipos de corneteiros em um clube de futebol. Os sanguíneos, os estrategistas, os políticos e os “fogo amigo” são os exemplos mais comuns. Existem também os conselheiros que gostam de visitar programas de rádio, os comentaristas de redes sociais e outros tantos exemplos, mas, hoje, vamos falar dos primeiros quatro casos, já que esses são os exemplos mais destrutivos para o ambiente de um clube de futebol.

Os sanguíneos são os "torcedores" que mudam de opinião a cada gol. Por exemplo, Luan passa de preguiçoso a craque em dois lances. Esse tipo de corneteiro transforma o clube em um eletrocardiograma. A cada vitória ele quer renovar por 10 anos com todos os jogadores e a cada derrota ele quer trocar o técnico e mais os trinta jogadores que estão sob contrato. Se bem controlados, eles atrapalham pouco. O problema é quando os dirigentes dão ouvidos e acabam contaminados por esses tipos de corneteiro.

Os estrategistas são mais perigosos. Eles já têm consciência do ambiente e também tem acesso às pessoas que estão no comando. Normalmente, não gostam de expor as suas opiniões publicamente, mas estão sempre (basicamente via whats) mandando "soluções" para os comandantes. Gostam muito do café no clube no final da tarde e se consideram (na verdade são) parte do grupo que "pensa" o clube. São os ditos aspones, mas na verdade são corneteiros destrutivos.

Os políticos são casos mais extremos. Transitam no mundo político e sempre tem uma teoria da conspiração contra quem está no comando. Gostam muito de reunião em grupo (de preferência churrascos) e nestes eventos, além de demonizar quem está no poder, mostram exatamente como seria o caminho certo. Quando ele (ou o grupo) está no poder, normalmente continuam com estes eventos, mas agora, para falar da próxima eleição e queimar as coisas que foram feitas pela gestão anterior. Esse tipo de corneteiro é conhecido de longe, já que eles "sabem tudo" sobre o clube.

O "fogo amigo" é o caso mais comum. Membro de todas as gestões, transitam facilmente em todos os programas de rádio, gostam de falar e se dizem sempre torcedores acima de tudo. Como são bem informados, usam isso como moeda de troca. Gostam de criar intriga e não tem amigos de verdade. O seu grande parceiro é o "poder" e vivem para estar perto de quem comanda. Outra característica é que não tem opinião. A opinião pública é a do presidente. Quando sente que o poder está trocando de mãos, não tem vergonha nenhuma de mudar de opinião.

Corneteiros fazem muito mal ao ambiente de um clube de futebol. Se você quer um dia ser dirigente de futebol precisa saber disso. Leia atentamente, veja e analise quem está perto de você. Dentro do possível tente limpar o seu ambiente, isso será fundamental para o sucesso do seu trabalho.

Um grande abraço e uma boa semana a todos!
 






César Cidade Dias
Ex-Conselheiro e ex-Diretor de Futebol do
Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense
 
Share |

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

CINCO MÁXIMAS DA RODADA


Coluna do Carlos Josias: Diretor Jurídico do Grêmio 93/98, Conselheiro 94/2010 e Vice-Presidente 2005/07







 

1. Não fazer fair play é bonito. Logo, quem faz, faz feio. O Grêmio fez fair play contra o Sport. O Grêmio fez feio. Tá tudo errado !

2. O Grêmio tem boa gordura. É possível projetar de forma otimista. JEC lá no final já estará morto, só a mala branca poderia atrapalhar (tem quem prometa e não entregue, segundo o ex-atleta Neto, hoje “dublê” de comentarista). Flu aqui não tem mais nada a ver no campeonato, nem sobe nem desce, é jogo para ganhar também. Contra o Galo sempre nos damos bem. E Clássico é Clássico, qualquer resultado é possível, e eles estão mordidos conosco (aliás, 5 mordidas). Será tenso, nervoso, como todos. Mas, mais do que nunca e tudo pode acontecer. Mas futebol se fosse simples bastava chamar o Tristão, que só acerta depois que termina.

3. Tuiteiro apagar um que outro tt é compreensível. Jornalista que faz afirmativa severa contra um clube de futebol (“Botafogo não fez fair play não é time grande”). Não é jornalista. Isto tem outro nome. Apaguei um único tt na minha vida no ramo, foi uma resposta a um colorado. Não foi ofensiva, mas apaguei porque achei que estaria dando ibope para morto, o cara tinha dois seguidores, queria audiência, como é comum na rede. Me indagou em seguida por que apaguei. Disse-lhe isto. E bloqueei.

4. Quando se quer ir longe não se pode errar em jogo de reta final. O Grêmio errou no mínimo dois gols feitos e saiu dos pés dos seus melhores jogadores. Mereceu perder.

5. O Corinthians deu aula de fair play. Tite dá aula disto desde que é treinador. Poderia dar a volta olímpica porque nada mais o detém. Não deu, de forma emotiva e moderada saiu de campo. A festa foi da torcida, normal. É Campeão Legítimo. A ironia, ganhamos dos dois melhores times brasileiros da atualidade em casa e fora. Corinthians e Santos, mas há quem se queixe da Chapecoense.

Saudações tricolores
 
Share |

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

NOS TEMPOS DA BRILHANTINA

Coluna do Carlos Josias: Diretor Jurídico do Grêmio 93/98, Conselheiro 94/2010 e Vice-Presidente 2005/07









Na última coluna, sob o título “CONSIDERANDO(S). RESULTADO. TORCIDA, REDES E O COCORICÓ DA MÍDIA”, veiculada no blog


referi que o final daquela partida variava de ruim a muito bom conforme a ótica com que se analisassem circunstâncias e jogo.

Contra o Flamengo os considerandos eram semelhantes, porém mais ameaçadores. Fla e Vasco são times de tradição, camisa, torcida, fazem o clássico dos milhões no RJ, mas é evidente que o primeiro está em posição muito mais confortável na tabela. O afastamento de jogadores por festa, ao contrário de anunciar facilidades, remeteria a dificuldades, porque tirando as laranjas podres o balaio tende a ficar mais qualificado. O Flamengo, velho rival, vinha para um tudo ou nada de entrar de vez na briga pelo G4 ou sair fora deste grupo de entrada para a LA.

Era imperiosa a vitória, porque na reta final o Grêmio entra na trilha de se definir, ou vai ou racha, ou se segura no grupo de ponta ou vai se arrastar até o fim num sofrimento e expectativas por demais arriscadas.

As cornetas começavam a se ouvir em tormentosas dúvidas, o Apocalipse é o anúncio mais perseguido pelos sopradores de tumba.

Ironicamente cheguei a dizer que trocava todos os desfalques do Fla por um só: Guerrero. Pois a maior ameaça não aguentou o tranco do jogo e acabou expulso.

Que jogo do Luan e que golaço do Bobô que provou que não é bobo. Ficou evidente a falta que faz Luan quando não joga. Mesmo que se desligue vez que outra se trata de um jogador hoje indispensável no Grêmio.

Temos que entender que o Grêmio não vive mais os momentos da década de 90, mas se prepara para uma jornada de cara nova, administração que acerta e futebol que se encaixa a partir de Roger.

O Jogo iniciava e berrantes contra o treinador se levantavam. Pura ignorância.

As jogadas e os gols de hoje lembraram em parte os anos 90. Mas não vivemos mais os Tempos da Brilhantina.

O caminho, contudo, da retomada, está aberto e se está fazendo corretamente. Aperta o cerco a cada jogo uma decisão, a reta final é madrasta em enfrentamentos. Mas hoje se viu que se pode chegar lá. E bem.

Saudações tricolores.

Share |