segunda-feira, 17 de março de 2014

Uma tarde com o centroavante dos sonhos

Coluna do Carlos Josias: Diretor Jurídico do Grêmio 93/98, Conselheiro 94/2010 e Vice-Presidente 2005/07. Josias @cajosias é colunista do Grêmio 100mil  www.facebook.com/cjosias.oliveira











Era domingo, 9 e 30 da manhã, toca o telefone. O dorminhoco aqui desperta. Sou um péssimo fisionomista, mas raramente esqueço uma voz. Ouvido afinado.

- alô, sabe quem está falando ?

( normalmente eu responderia = com quem deseja falar ? - mas disse = )

- sei, nunca esqueço uma voz, é o Lima.

Lima, um centroavante especial que sonhava com os gols que faria no jogo seguinte e contava antes que tinha sonhado e que faria. E fazia.

- estou aqui no Aldo, no Rio Carrero, vem aqui almoçar com a gente vamos papear

- tá fechado vou ...

Dei a minha caminhada dominical e já bem tarde fui lá. Eles já tinham almoçado, mas eu e a minha mulher, companheira também de caminhadas, não. Almoçamos e papeamos com o centroavante a tarde toda. Boas risadas, belas histórias, imperdíveis recordações. Vestia camisa azul preto e branco, e dizia que o G era o seu time do coração embora muito respeitasse as amizades que deixou no rival. Está com um físico invejável. Ainda fardaria .... Centrado, tocando a vida como ela é e procurando o sol. Jogou demais numa época em que se pagava pouco perto de hoje, não dava para ficar rico. Jogasse Kléber o que ele joga ... tivesse ganho ele o que Kléber ganha....

Lima morou na zona sul quando esteve aqui nas duas vezes. Era figura conhecida em Ipanema e frequentava os bares da gurizada como o imperdível churrasquinho com samba no Foguinho - Bat Bat. Figura querida dos quarteirões daqui, simpático e amigaço, muito diferente do sisudo Batista que habita nestas bandas. Quando começou a parar de jogar continuou retornando e tentando durante bom tempo manter o preparo - que até hoje desfruta - correndo no calçadão e na areia. E sempre que pode está por aqui. Não bebe, não fuma. Um balão do goleiro para a intermediária adversária era um passe para ele que tinha ótima impulsão ganhava na cabeça com o defensor, mandando a bola pra frente e ia buscá-la para correr em direção ao gol. Matador ! Grenal era com ele: recordamos muitos gols dele em muitos Grenais.

O Grêmio carece a muito tempo de um ídolo de verdade, um cara que reúna as seguintes condições:

- jogue muito

- se arrebente em campo pelo time

- faça declaração de amor ao clube

- e beije com sinceridade o nosso distintivo.

Um Jardel, um Dinho, um Darnlei, um De Leon, um Mazaropi, um Roger, um Adilson Capitão da América.

Senhores,

Vocês se lembram quando tínhamos imenso receio que determinado jogador se lesionasse ou levasse cartão porque poderia nos deixar capenga no jogo seguinte ? Vcs lembram disto ?

Pois é, saudades do tempo que tínhamos esta preocupação. Muita.

O Grêmio precisa de um Matador para chamar de seu !

Sonho com isto. Há tempos.

abs


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